Décimo andar

Confesso, muitas vezes já tive uma terrível vontade de me jogar do décimo andar. Logo depois daqueles dias frustantes em que nada, exatamente nada de bom acontece ou não dá certo. Quando bate aquele pensamento ridículo de se odiar eternamente. Estou cansando de mim, da vida. Das minhas fantasias que nunca, nunca vou conseguir realiza-las. To cheia das minhas unhas que quebram a toa, do meu cabelo que fica sujo rápido, das férias que não acabam, da minha boca que não é bem desenhada, dos pelos da minha sobrancelha por crescerem rápido, dos meus olhos por necessitarem de óculos, de tantas promessas que já ouvi e nenhuma até hoje foi cumprida. Da vontade de jogar tudo pro alto, sair, relaxar, ficar sozinha, se acomodar e comer chocolate até vomitar. Odeio com todas as minhas forças quando acordo assim mesmo sabendo que amanhã é um novo dia, que se odiar não me levará a lugar algum, apenas a morte.