22 de out. de 2013

Fugindo a regra


Lembra-se de quando a gente era criança? Era tão fácil ter amigos, alias, era tão fácil fazer amigos, não era? Bastava vermos uma menina com uma boneca ou qualquer outro brinquedo que fosse e já íamos lá, correndo, nos oferecer pra uma possível brincadeira/amizade. Quando foi que tudo isso mudou? Quando foi que as coisas se tornaram tão sérias e complicadas, cheias de regras e disse me disse.

Ontem estava em uma praça. Sentada lendo um livro qualquer. Talvez estivesse mais fingindo do que lendo. Fingindo pra não ter motivo pra falar com nenhum estranho que resolve sentar ao meu lado e alugar meu tempo. Ta parecem egoísmo e coisas de pessoas antissociais, mas não era isso. Era só que eu tinha perdido o jeito com essas coisas. Não sei quando isso aconteceu. Talvez tenha sido os anos que passaram e eu não me dei conta. Talvez tenha sido as amigas traíras que juravam fazer parte de uma irmandade eterna, onde garoto nenhum iria destruir o que tínhamos e no final das contas tenham mentido me traído e depois virado as costas. Ta talvez eu tivesse feito o mesmo, mas a questão é que eu não sei quando fizer um novo amigo, ou conhecer um estranho tinha ficado tão esquisito e constrangedor.

Digo amigos sem amigos em comum entende? Dois completos desconhecidos que resolvem ver se existe alguma afinidade entre eles. Ali sentada na praça, fingindo ler aquele livro chato de capa bonita, eu pude observa que uma menina segurando um cachorro me observava. Senti que ela queria se aproximar puxar papo, perguntar meu nome. Talvez eu também quisesse, mas me senti tão estranhamente adulta a ponto de esquecer que quando criança era capaz de fazer um zilhão de amigos em apenas um dia (exagerei, mas eram muitos, talvez com menos zeros). Enfim, ela tomou a iniciativa e puxou assunto, eu retribuí, mas era aquela conversa meio robotizada e quase nada espontânea, embora toda a situação fosse.

Brinquei com o cachorro, ela folheou meu livro, eu falei do meu blog e ela falou como eu a encontrava no facebook. Nos despedimos e cada uma seguiu seu caminho e mais do que conhecer alguém novo naquela tarde, eu percebi o quando estava enferrujada nesse negocio de novas amizades. Valeu o dia, valeu à tarde, valeu o texto. Obrigado novo estranho familiar, por me mostrar que nem sempre, tudo está perdido a ponto, que não se possa recuperar. 



Foi bom reviver emoções velhas aquela tarde. Me senti meio criança, meio inocente, meio despretensiosa.


                                                                                                                            Texto escrito por: 


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